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Nas décadas de 70 e 80, quando foram implantados os grandes projetos de celulose, siderurgia e mineração no estado do Espírito Santo os fornecimentos de bens e serviços vieram de outros estados e países.

Alojamentos, para mais de 20 mil trabalhadores, foram construídos, ficando no estado bolsões de pobreza decorrentes das moças das periferias que ficaram grávidas de funcionários das empresas que prestavam serviços e voltaram para suas cidades de origem.

No início da década de 90 , aproveitando a entrada em vigor da constituição de 1988, que passou a tratar o meio no sentido  mais amplo, não somente os aspectos de ar, água, resíduo, fauna e flora, mas também, as questões socioeconômicas, um grupo de empresários do estado, associados ao CDMEC, SINDIFER, SINDUSCON e SINDICOPES se reuniram, participaram das audiências públicas para expansão e/ou implantação de novas unidades industriais solicitando a inclusão nas condicionantes do licenciamento que fossem dados oportunidades às empresas e trabalhadores do estado.

A Secretaria de Estado do meio Ambiente aceitou o pedido e criou comissões para o acompanhamento dessas condicionantes, com participação dos investidores e fornecedores.

Paralelamente, as entidades de classe, com apoio da FINDES, Sebrae e Governo do estado, realizaram um diagnóstico da situação, verificaram as carências, estruturaram-se, capacitaram os gestores e trabalhadores e certificaram os processos das empresas.

Deve-se destacar o apoio recebido da Suzano, na época Aracruz Celulose, que estava modernizando as fábricas A e B e iniciando a construção da fábrica C, acreditando na estrutura do trabalho, no início denominado de Potencialização do Fornecimento Local, promoveu encontros dos fornecedores do Espírito Santo com detentores de tecnologia da Finlândia, Suécia, entre outros.

Em seguida a Vale, que estava construindo a 7ª pelotização, a KOBRASCO, verificando os ganhos que teria com a participação local, passou a visitar os fornecedores, abrindo um leque de oportunidades que foram correspondidas.

A ArcelorMittal Tubarão, na época CST, estava construindo seu 2º alto-forno e o 1º LTQ-laminador de tiras quente, também vislumbrou o valor das parcerias entre detentores de tecnologia com os fornecedores locais. Dessa forma, promoveu a integração, viabilizando visitas aos concorrentes da Inglaterra, Áustria, Alemanha e Itália.

A Samarco, na construção da 2ª. Pelotização, iniciou um processo de integração com os fornecedores do estado, que foi consolidado na construção das 3ª e 4ª unidades, quando proporcionou uma viagem dos fornecedores locais à China para conhecer o que poderia ser trabalhado em conjunto.

Nessa ocasião o projeto se consolidou, passou a ser denominado Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF), sendo editado, em 2009, com apoio do Sebrae, um livro de minha autoria, que muito me orgulha. Hoje é denominado Programa de Fornecedores do Espírito Santo (PDF ES).

No período de 2005 a 2010 a Petrobrás, com a entrada da produção offshore no estado, que passou a ser o 2º produtor de Petróleo e Gás do país, alavancou novos negócios para a cadeia de abastecimento.

Com resultado de todo esse esforço, observou-se um crescimento no fornecimento para as grandes empresas do estado, passando de 8%, no início da década de 90, para 60%, em 2020.

As empresas da indústria de base, constituídas pelos setores de fabricação de equipamentos, estruturas, caldeiraria, componentes mecânicos, construção civil, engenharia e gerenciamento de projetos, serviços e comércio para indústria têm uma receita superior a R$ 6,0 bilhões/ano, sendo que 58% vêm de fornecimentos realizados para outros estados.

O PIB per capta do estado passou de R$ 2,6 mil, em 1990, para R$ 34,0 mil, em 2020, mostrando a importância da indústria de base do Espírito Santo para o crescimento da nossa economia.

Acrescente-se a tudo isso o reconhecimento dos clientes pelos trabalhos realizados pelos fornecedores e trabalhadores capixabas em diferentes projetos em implantação no Brasil.

O resultado alcançado deveu-se a união de todos: fornecedores, entidades de classe e governo, sempre trabalhando com foco na competitividade, com capacitação e adoção de tecnologias, modernas.  O caminho é longo, mas juntos, o PDF vai mais longe.